5G deve gerar mais de R$ 101 bilhões no mercado de software brasileiro nos próximos 10 anos

Com a chegada do 5G ao Brasil, a demanda por soluções da nova tecnologia tem o potencial de gerar R$ 101 bilhões nos próximos 10 anos apenas no mercado de softwares, distribuídos entre R$ 10 bilhões para software de rede e R$ 91 bilhões para software de aplicações. Os dados são de um estudo apresentado no último dia 19 pelo Ministério da Economia.

Segundo o relatório apresentado pelo Ministério da Economia no webinar “5G Brasil: Recomendação de Políticas Públicas”, a utilização de soluções 5G pode proporcionar um benefício de R$ 590 bilhões por ano para os mais diversos setores da economia, como indústria, educação, saúde e transporte.

Um dos objetivos principais do levantamento foi a definição de políticas públicas capazes de alavancar o ecossistema brasileiro de 5G focado em software, proporcionando o desenvolvimento de startups e possibilitando a inserção do Brasil no mercado internacional de produção deste tipo de produto. O estudo, realizado pela consultoria Deloitte em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), identificou não somente as demandas de soluções digitais, como também as barreiras que o Brasil vai enfrentar para estabelecer essa nova tecnologia e a necessidade de políticas públicas direcionadas.

As experiências foram buscadas em países que apresentam uma maior maturidade em relação ao 5G, como Coreia do Sul, Japão e China, que estão na vanguarda da tecnologia, assim como em outras nações que são pioneiras na implantação na internet de quinta geração, como Suécia, Alemanha e Reino Unido.

Durante a apresentação dos dados, Márcia Matsubayashi, sócia da Deloitte Brasil, explicou que o Brasil ficou atrasado em relação à implantação do 5G, mas, como isso deve ser resolvido rapidamente, a implantação vai gerar demandas que se tornarão uma oportunidade para a economia nacional, como o mercado de softwares, incluindo uma forte entrada no mercado mundial.

“Logicamente o nosso ecossistema do 5G ainda é incipiente porque o Brasil saiu atrás em comparação aos países desenvolvidos, mas nós constatamos que a gente tem boas perspectivas de avançar rapidamente o 5G, sobretudo no desenvolvimento de softwares e de aplicações. À medida que a conectividade do 5G, a cobertura vai avançando, surgirão estas demandas por aplicações baseadas no 5G nas diversas verticais da economia. Também nestas nessas demandas surgirão oportunidades de integração de software, empresas de software para prover toda essa solução”, explica a especialista.

Igor Calvet, diretor da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), destaca que o estudo lança luz sobre como essas mudanças podem beneficiar o Brasil e servir como um roteiro para todos que trabalham com o 5G possam avaliar as oportunidades que se apresentam, bem como transformar essas potencialidades em realidade.

Segundo o diretor da ABDI, os dados possibilitam um melhor trabalho na difusão de tecnologia num cenário em que as empresas brasileiras podem captar essas soluções tecnológicas que virão da transformação causada pelo 5G e promover uma melhoria da produtividade da economia por meio da inovação – como a redução de custos da chamada Indústria 4.0.

“Na indústria, por exemplo, o projeto demonstrou, primeiro, uma maior flexibilidade no desenho dos processos produtivos e, em segundo lugar, uma maior eficiência na produção. Nas cidades, que é um projeto que nós estamos desenvolvendo e que logo estará aí em dez cidades no Brasil, nós estamos trabalhando com um novo modelo de negócio que vai viabilizar e democratizar o 5G e vai trazer novas fontes de renda, inclusive aos municípios e concessionários de energia”, apontou Calvet.

Problemas e potenciais

No documento apresentado pelo Ministério da Economia constam 96 recomendações de políticas públicas, em oito frentes de atuação, para que esses potenciais de geração de riqueza sejam alcançados, além de apresentar os desafios para que isso se realize.

Segundo o levantamento, os principais problemas públicos detectados no Brasil para um melhor aproveitamento da tecnologia na economia são a baixa disponibilidade de recursos públicos e privados para fomentar a inovação e produção de softwares; escassez e baixo nível de mão de obra; baixa percepção do valor agregado do 5G – o que impacta na demanda por soluções; e insuficiência de suprimentos essenciais para o desenvolvimento de soluções 5G.

Em contrapartida, o estudo mostrou que o país tem pontos fortes para desenvolver um dos maiores ecossistemas do 5G do planeta, como um grande mercado consumidor de serviços de telecomunicações – o que dilui os custos; movimentação política para acelerar a difusão da nova tecnologia, como a Lei das Antenas e os leilões das radiofrequências realizados em 2021; tendência de crescimento no setor de startups; e entendimento governamental da importância da nova tecnologia para os mais diversos setores.

Ainda segundo os dados, o Brasil deve priorizar, para potencializar ainda mais o mercado do 5G: o desenvolvimento de capital humano e de infraestrutura; o incentivo ao empreendedorismo; o maior estímulo à pesquisa, desenvolvimento e inovação; e o suporte financeiro e tributário.

5G

O 5G é a quinta geração de redes móveis e de internet, cuja velocidade chega a ser, pelo menos, 100 vezes mais rápida que a atual quarta geração. Com sua implantação, a expectativa é que sejam abertas inúmeras possibilidades em áreas como inteligência artificial, processamento de dados, realidade aumentada e logística.

O leilão das frequências do 5G, realizado no fim de 2021, movimentou quase R$ 50 bilhões, sendo R$ 10,6 bilhões para pagamento de outorgas, ou seja, pelo direito de explorar comercialmente o 5G, valor que irá para o caixa do governo; e R$ 39,1 bilhões como contrapartidas estabelecidas pela Anatel (órgão de regulação do setor, responsável por definir as regras do leilão).

Segundo os editais, as empresas que venceram os certames devem disponibilizar o 5G nas capitais do país até julho de 2022 e levar internet 4G para todas as rodovias nacionais. Além disso, elas serão responsáveis por construir uma rede privativa de comunicação para a administração federal e levar internet móvel de qualidade às escolas públicas de educação básica.

 

 

Fonte: Brasil 61

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