Reportagem: Andrei Santana

Com pouco tempo de conclave, o cardeal estadunidense, Robert Francis Prevost, foi escolhido como novo papa e a escolha do nome Leão XIV carrega significados que reforçam a tradição do valor desta escolha. Para o teólogo e professor de História da Estácio, Antonio Sérgio Giacomo, o nome adotado indica, ainda que simbolicamente, a direção que o novo pontífice pode imprimir à Igreja Católica.
“A escolha remete diretamente a Leão XIII, papa do final do século XIX conhecido por sua encíclica Rerum Novarum, um marco na reflexão da Igreja sobre as transformações sociais da época e o enfrentamento da exploração do mundo do trabalho”, explica o Giacomo.
Segundo o especialista, outro ponto relevante é o fato de Leão XIV ser estadunidense, o primeiro da história, o que dá continuidade à sequência de papas não italianos, após pontificados de líderes da Polônia, Alemanha e Argentina. “Sua atuação como bispo no Peru e sua cidadania peruana torna a escolha ainda mais significativa, já que une a representatividade da América do Norte com uma forte ligação à América Latina”, pontua.
Quanto aos próximos passos do novo pontificado, Giacomo destaca que é cedo para afirmar qual será a linha de atuação definitiva de Leão XIV, mas aponta para duas expectativas distintas. “De um lado, o mundo espera a continuidade do diálogo inter-religioso e um posicionamento firme diante de temas atuais. De outro, os católicos aguardam uma reafirmação dos pontos inegociáveis da fé”.
Entre essas duas frentes, o professor acredita que a eleição de Prevost e o contexto em que ela ocorreu sinalizam para uma postura mediadora. “Ele não figurava entre os considerados papáveis, nem assumia o papel de destaque midiático no cenário político do Vaticano, o que pode fazer dele um papa que busque conciliar ideias e superar conflitos internos. Seja sob a perspectiva dos católicos, seja do mundo em geral, um papa mediador é algo bastante relevante para o tempo em que vivemos”, finaliza.
Fonte: Approach Comunicação