O produtor de soja de Goiás Leonardo Boaretto comemora o recorde na exportação do agro em 2023. Resultado positivo decorrente ainda da safra de 2022, quando o país produziu a maior quantidade de grãos da história, sobretudo soja e milho.
“Uma superprodução, um excedente enorme, que fez com que os preços no mercado interno recuassem e o exportador aproveitou para comprar soja e milho baratos.”
Foram US$ 166,5 bilhões em exportações do agronegócio em 2023, 4,8% a mais que no ano anterior. O que fez com o que o agro fosse responsável por 49% de tudo que saiu do brasil no período — 1,5% a mais que em 2022. Os grãos exportados chegaram a 193 milhões de toneladas.
Mas outros produtos também ajudaram a fazer com que o Brasil atingisse números tão grandiosos, somando US$ 1 bilhão em vendas externas. A exportação de carnes subiu 5,4%. A de açúcar, 15,1%. Já sucos, frutas e couros e seus produtos subiram 6%, 5,9% e 19,7%, respectivamente.
Oferta e demanda
A superprodução fez com que os preços internos e externos caíssem. Apesar do grande volume de vendas, os produtores acabaram reduzindo o lucro. Segundo o economista César Bergo, isso desagradou parte do setor.
“No segundo semestre, principalmente, os preços começaram a cair, levando muitos produtores a vender os produtos abaixo dos preços que eles esperavam. É claro que isso gerou muita reclamação no setor, mas faz parte do jogo econômico, que envolve a famosa lei da oferta e da demanda.”
O produtor Leonardo Boaretto ressalta que, mesmo com a produção recorde, ainda faltam incentivos do governo para facilitar, por exemplo, o escoamento das mercadorias.
“Nós precisamos ter urgentemente mais ferrovias, para diminuir o custo do transporte rodoviário. Precisamos melhorar os nossos portos, precisamos ter institutos de pesquisas confiáveis que consigam fazer estimativas precisas da produção nacional. Isso a gente não tem hoje”, reclama.
Além disso, Boaretto cobra a redução de encargos e impostos e, ao mesmo tempo, mais linhas de crédito para financiamento de máquinas e despesas de custeio. Outro ponto de insatisfação é a legislação trabalhista, que foi feita para o trabalhador urbano, mas excluiu o assalariado do campo.
Cenário que pode melhorar, concordam economista e produtor, com mais investimentos no setor. “É preciso que os produtores tenham acesso às tecnologias, que é de fundamental importância para melhorar não só o desempenho do setor, mas também vai permitir que esse setor alcance mais produtividade e sustentabilidade”, acredita César Bergo.
A projeção do especialista em economia é que, passada a safra recorde do ano passado, a produção de 2024 seja menor, o que pode ser contornado com preços mais atrativos dos insumos agrícolas e pecuários.
Fonte: Brasil 61