O Projeto de Monitoramento de Praias (PMP), executado pela Petrobras para condicionante de licenciamento ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), registrou até o momento 6.747 Pinguins de Magalhães (Spheniscus magellanicus) no litoral brasileiro este ano, na temporada de migração que está finalizando.
A temporada anual ocorre, em geral, de junho a novembro. O coordenador geral do PMP da Bacia de Santos (PMP-BS no trecho 7 litoral paulista – Cananeia, Ilha Comprida), o biólogo com especialidade em aves Henrique Chupil, explicou hoje (6) que os pinguins, anualmente, fazem essa dispersão da área de reprodução, que fica no sul da Patagônia. “Acabam saindo da área reprodutiva e se deslocando para área mais próxima da linha do Equador, onde tem uma temperatura de água e temperatura atmosférica mais adequadas e, consequentemente, mais alimento. Esses bichos acabam vindo para cá”.
Chupil disse que, em consequência, muitas vezes, dessa viagem, alguns animais, principalmente os mais jovens, acabam sofrendo, seja pelas intempéries do clima, seja pela escassez de alimentos, e ficam mais debilitados. “Estando debilitados, eles ainda podem sofrer com outro tipo de ação, seja ação antrópica (realizada pelo homem), seja por ingestão de lixo. Eles acabam ficando debilitados e aparecendo nas praias”.
Segundo o coordenador, todos os anos ocorre essa movimentação e uma quantidade de pinguins que termina sofrendo todo esse processo. O que varia é a forma como eles vão aparecendo na costa nacional. Há uma oscilação natural dessa espécie de pinguins, que responde, principalmente, ao número de nascimentos na Patagônia, “vai refletir no número de animais que vai chegar à costa do Brasil e vai ter uma influência direta das ações humanas, das interações antrópicas, e das condições climáticas também”.
Crescimento
O número de pinguins registrado na temporada de migração deste ano é 20% maior que do ano passado (5.657), no mesmo período. Henrique Chupil informou que os animais encontrados vivos
são avaliados e, quando necessário, são encaminhados para receberem atendimento veterinário. Dependendo da região, os pinguins debilitados são encaminhados para unidades estabilizadoras e para centros de reabilitação, onde permanecem em tratamento até a soltura.
Os pinguins normalmente chegam às unidades de tratamento apresentando hipotermia (temperatura abaixo do normal), hipoglicemia (falta de açúcar no sangue) e desidratação. Após a reabilitação, com a estabilização do quadro clínico, retornam ao ‘habitat’ natural. Antes de serem devolvidos ao mar, eles recebem um ‘chip’ que permite seu acompanhamento, caso reapareçam no litoral brasileiro.
A consultora em Biodiversidade da Petrobras, Denise Almeida, esclareceu que a diferença entre as temporadas não é incomum. “O encalhe de pinguins normalmente ocorre da costa do Espirito Santo ao sul do país e este número pode variar de um ano para o outro”, disse. Completou que a base de dados que está sendo construída pelo projeto ao longo dos anos “é importantíssima, pois contribui para a comunidade científica entender as peculiaridades da biodiversidade marinha do nosso litoral e, assim, auxiliar na sua preservação”. O primeiro PMP foi implantado em 2009.
O estado com maior incidência de pinguins é Santa Catarina, com 4.741 pinguins monitorados. Em seguida, vêm Paraná, com 1.028, e São Paulo, com 869. O ano que contabilizou a maior
quantidade de pinguins no litoral do Brasil foi 2018, com um total de 12.230, entre janeiro e novembro, destacando Santa Catarina, com 6.861. Atualmente, a Petrobras mantém quatro PMPs que, juntos, atuam em 10 estados litorâneos, em regiões onde a companhia atua.
fonte: Agência Brasil
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